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OLIVENZA: TRÊS ANOS DE ACTIVIDADE: O "ALÉM GUADIANA" (Parte 2/CONCLUSÃO)...

TRÊS ANOS DE ACTIVIDADE: O "ALÉM GUADIANA" (Parte 2/CONCLUSÃO)
TERCEIRO ANIVERSÁRIO DO "ALÉM GUADIANA" (Parte 2/CONCLUSÃO)
(RESUMO DE ACONTECIMENTOS DE TRÊS ANOS: 2008-2011)
A INESPERADA RECUPERAÇÃO DO PORTUGUÊS EM OLIVENÇA

(CONTINUAÇÃO/CONCLUSÃO)

UMA ESPÉCIE DE «DIA DE PORTUGAL»... DOIS DIAS DEPOIS

A inauguração das primeiras ruas com os nomes em Português, teve
lugar no meio de uma
espécie de festival promovido pela Associação citada, denominado
«Lusofonias». No sentido
de promover a cultura e a língua portuguesa, a organização do evento
elegeu como imagens
promocionais da iniciativa Amália Rodrigues, Fernando Pessoa e Vasco da Gama.
A "Além Guadiana" justificou estas escolhas: «São ícones de
Portugal e da sua
história. Como curiosidade posso dizer que os familiares de Vasco da
Gama são originários
de Olivença e desta forma vamos relembrar esse facto.»
A iniciativa cultural contou com a colaboração do Ayuntamiento de
Olivença, da
Associação para o Desenvolvimento Rural da Comarca de Olivença e da
Junta da Estremadura,
e consistiu ainda num vasto conjunto de actividades, entre as quais se
destacaram peças
de teatro, música, literatura e animação de rua.
Em paralelo, houve uma zona reservada a exposições, onde estiveram
artesãos, um
espaço dedicado à gastronomia e a instituições do espaço lusófono, bem
como trabalhos ao
vivo e animação musical a cargo de grupos de Portel (Évora).
Procedeu-se a uma leitura pública contínua em português, na qual
participaram
oliventinos de todas as idades lendo ou recitando na língua de Camões,
Este foi um dos
pontos altos que a organização destaca deste dia dedicado ao mundo lusófono.
Durante a manhã ocorreu também uma demonstração de folclore,
através do grupo "La
Encina" de Olivença e a atuação das Cantadeiras de Granja (Évora).
No período da tarde foi projectado no Espácio para la Creación
Joven, o filme "O Leão
da Estrela", e houve actividades de animação nas ruas, bem como ainda
a atuação dos
alunos de português da escola pública Francisco Ortiz, de Olivença.
A "Estória da Galinha e do Ovo" e "O Canto dos Poetas", ambos
interpretados pela
associação "Do Imaginário" de Évora, foram dos atractivos desta
iniciativa promovida pela
associação "Além Guadiana".

UM MERCADO MENSAL

O final de 2010 e o princípio de 2011 viram realizar-se mais uma
iniciativa deste
prolixo grupo oliventino: um mercado mensal de artesanato e
antiguidades portuguesas. O
primeiro efetuou-se a 11 de Dezembro de 2010, o segundo a 8 de Janeiro
de 2011. O terceiro
em 12 de Fevereiro de 2011.
Pela primeira vez, em mais de duzentos anos, ressurgiu o mercado
antigo tradicional de
Olivença era aos Sábados, nas suas características originais. Na
verdade, este evento
efetua-se num local distinto do mercado mais convencional (Adro da
Igreja manuelina da
Madalena), que é no mesmo dia da semana.
Foi curiosa a primeira edição, não só pelo afluxo de interessados,
mas também por
algumas das motivações expressas. Muitas louças tradicionais (do
Redondo, por exemplo), e
mobiliário, também tradicional, foram adquiridos porque lembrava aos
compradores objectos
vistos em casa de antepassados seus, onde constituíam uma espécie de
relíquias. Note-se
que, na falta do seu tradicional mercado, muitos oliventinos, durante
mais de cem anos,
se deslocavam a Elvas ou a outras localidades, procurando obter os
produtos (então de
utilidade doméstica, ou de decoração) a que estavam tradicionalmente
habituados.

INTEGRAÇÃO NA LUSOFONIA

"A língua de Camões fala-se ininterrompidamente em Olivença desde
finais do século
XIII". Estas são palvras do Presidente da Associação Além Guadiana, o
já citado Joaquín
Fuentes Becerra, "Este o mais importante legado português. Até meados
do século XX, 150
anos após a mudança de nacionalidade, a língua maioritária era o
Português, apesar de não
ter tido qualquer apoio institucional". Becerra acrescenta que, hoje
em dia, para além de
conservada pelos mais velhos, a língua portuguesa já está a ser
ensinada nas escolas.
"Estamos no caminho correto, mas faz falta uma aposta mais forte para
que a língua
portuguesa não se perca em Olivença. A língua é tudo". E, sem abordar
aspectos políticos,
Becerra reclama para a localidade a sua "INTEGRAÇÃO NA LUSOFONIA".
Parece que algo de novo, e talvez um tanto inesperado, está a
surgir no espaço
lusófono. Ignorá-lo, fingir que não existe, começa a ser impossível. E
insuportável!
Estremoz, 27 de Janeiro de 2011
Carlos Eduardo da Cruz Luna